quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Conto de fadas pelo avesso.


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Já estava ficando tarde e não apareceu nenhuma fada madrinha para transformar uma abóbora em um carro importado, tive que estourar o cartão de crédito comprando um vestido que sem duvidas só vou usar uma vez, passei horas no salão e estou insatisfeita com o meu cabelo, mas as minhas unhas postiças estão lindas, hoje é um grande dia - o dia do baile. A fada madrinha não chegou o jeito é ir de trem para fugir do trânsito, porque hoje nada vai estragar a chance de conhecer o meu príncipe encantado (...)
Apesar do volume de pessoas no trem, consegui chegar até o local do baile com poucos amassados no meu vestido caríssimo, o lugar era lindo, as pessoas também, todos elegantes e aparentemente ricos, parecia que estava dentro de um filme, só que dessa vez a princesa sou eu. 
Estava ansiosa para encontrar quem iria levar o meu sapatinho cristal em casa, ou melhor, meu scarpin que comprei em três vezes sem juros.
Fiquei uns quarenta minutos parada em um mesmo lugar, apenas observando até sentir alguém tocar em meus ombros, me virei e finalmente fui convidada para dançar, a música não estava combinando com os trajes da festa, mas era um belo sertanejo universitário com aqueles passos aéreos e vários giros que te deixam tonto, eu estava me divertindo apenas, ele não era exatamente como eu imaginei, era mais do que isso, sua pele morena, seu olhar cor de mel com os cílios longos e volumosos, seu sorriso cativante, seu charme, um príncipe encantado do século XXI. 
A música ficou lenta, tocava algo que aproximava os nossos corpos, olhei no relógio faltava quinze minutos - quinze minutos para a meia noite, ele me beijou, foi rápido, tive que sair correndo, pois todo mundo sabe que as estações de trem fecham a meia noite por aqui, se eu não fosse embora naquele momento, não tinha a menor chance de voltar para casa antes das quatro da manhã, tropecei na escada, senti meu salto sair do meu pé, voltei para buscar, pois ainda tinha que pagar duas prestações, quando calcei percebi que caíram metade das minhas unhas postiças, mas pelo menos consegui chegar a tempo na estação. 
Quando me dei conta de onde estava mal sabia o seu nome, ele jamais iria me encontrar, pois nem o sapato eu deixei por lá, mas percebi que além das minhas unhas havia caído minha pulseirinha de estimação a minha preferida, o jeito era esperar. (...) 
No outro dia pela manhã revirei as páginas do facebook, mas não encontrei nada parecido com ele, uma pena, pois estava quase acreditando no famoso "era uma vez..." 
Ouvi a campainha tocar, abri a porta, era ele, fiquei sem reação, ele me entregou a minha pulseira, disse que havia encontrado a minha casa, pois era próxima da casa de sua... Namorada! Sim ele tinha uma namorada, se despediu de mim com um beijo no rosto e lá estava ela do outro lado da rua. 
Agora eu acredito em conto de fada. No meu conto de fadas! Aonde o príncipe não chega no cavalo branco, mas vai embora em cima de uma égua. 
"Era uma vez... Fim!"


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